Moderato Cantabile, de Marguerite Duras, uma edição há muito esgotada,
chega agora pela grande Relógio d'Água, juntamente com Olhos Azuis
Cabelos Pretos. Ficamos a aguardar Chuva de Verão, India Song, e todos os outros há muito desaparecidos.
Da contracapa:
«— O que quer dizer moderato cantabile?
— Não sei.»
Uma lição de piano, uma criança teimosa, uma mãe que ama o filho, não
há expressão mais autêntica da vida tranquila numa cidade da província.
Mas um súbito grito vem rasgar a trama, revelando sob a contenção de uma
narrativa de aparência clássica uma tensão que vai crescendo até ao
paroxismo final.
«Porque é que o grito súbito de uma
desconhecida e a visão do seu corpo ensanguentado perturbaram de tal
modo Anne Desbaresdes, que é uma mulher jovem e rica, ligada apenas ao
seu filho? Porque é que voltou ao café do porto, onde o cadáver da
desconhecida desabara ao cair do dia? Porque é que interroga um outro
desconhecido, Chauvin, uma testemunha como ela? Uma estranha embriaguez
apodera-se dela, os copos de vinho que pede, e que bebe lentamente, são
apenas pretextos. Volta todos os dias ao local do crime que outra pessoa
cometeu e de cada vez interroga mais, fala um pouco mais longamente.»
Dominique Aury
«"Moderato Cantabile" poderia definir-se como sendo "Madame Bovary"
reescrito por Béla Bartók, se não se tratasse, antes de mais, de um
romance de Marguerite Duras (que não se parece com ninguém) e do seu
melhor livro (o que é dizer muito).»
Claude Roy