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Vitor Silva Tavares, 78 anos, morreu nesta segunda-feira de manhã no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde tinha sido internado uma semana antes devido a uma infecção cardíaca. A família pretende fazer uma cerimónia privada e prefere não divulgar publicamente informações sobre a mesma.
Os livros ficam, o editor desaparece. Era fácil
ficar horas a ouvir Vitor Silva Tavares porque já ninguém fala como ele,
um português de língua afiada e refinada, elegante e pé-descalço (ele
diria: “do melhor Gil Vicente”), algo que partilhava com o amigo João César Monteiro, tanto quanto a magreza e o espírito libertário. Em 2014, quando o PÚBLICO falou com ele a propósito da edição da obra escrita de César Monteiro,
Vitor Silva Tavares confessou que a morte do cineasta, em 2003, deixara
um vazio que não tinha sido preenchido. Silva Tavares referia-se a um
vazio pessoal, naturalmente, mas também estava implícito um vazio
colectivo. O mesmo acontece agora, com a morte de Silva Tavares, um dos
mais originais e radicais editores portugueses. É toda uma geração, de
resistência cultural e política, que tem os dias contados.
“Perdemos
o último dos resistentes, o pai de gerações e gerações de poetas. Há
muita gente que lhe vai sentir a falta. Mesmo muita”, diz Paulo da Costa
Domingos, poeta e editor da Frenesi, que se cruzou com Vitor Silva
Tavares no início da década de 1970, quando o editor o publicou pela
primeira vez, ainda na revista &etc que viria a converter-se na lendária editora com o mesmo nome.