A 1ª edição de Sinais de Fumo foi um sucesso. O magnífico Convento da Saudação, no Castelo de Montemor, não podia estar mais bonito. Nas salas cheias de sol o público circulava entre croissants e café fumegante, livros seleccionados com rigor pela Fonte de Letras e as sábias (Eduardo Lourenço), provocadoras (Pedro Mexia) ou afectivas (Dulce Maria Cardoso), palavras dos oradores. Carlos Vaz Marques, na moderação, e Rui Horta (anfitrião e curador) fizeram as honras da casa - O Espaço do Tempo.
No próximo Sábado, dia 31, o tema é Economia - Algures entre o senso comum e a ciência (pouco) exacta, com Augusto Mateus, Henrique Neto e Eugénio Rosa. A Fonte de Letras estará presente com a melhor selecção de livros sobre o tema. E talvez a chuva caia lá fora para podermos admirar a bela paisagem e também o futuro numa cor de mais esperança.
quinta-feira, 29 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
Alface - A Festa das Palavras, está pronta!
quinta-feira, 22 de março de 2012
Tonino
Hoje de manhã no Sinais de Fernando Alves, na TSF
A fórmula para não morrer
Criou jardins de fantasia na casa de Pennabili onde há uma rua de relógios de sol. Foi professor, começou a escrever no campo de concentração para onde o enviaram, escreveu alguns dos mais belos filmes do cinema europeu, Amarcord ou La Nave Va, de Fellini, Blow Up, de Antonioni, Nostalgia, de Tarkowsky. Nunca perdeu de vista o povoado onde nasceu, em Santarcángelo, e onde lhe tinham feito há dias, no largo de cheio de crianças cantando para ele, a festa dos 92 anos. Ontem, os responsáveis da livraria "Fonte das Letras", de Montemor-o-Novo, que tinham estado no blogue a festejar o dia da poesia, reabriram a janela deixando entrar "o sol de Tonino Guerra para sempre". Invocaram "um amor antigo, um amor solar" que talvez explique a convicção, igualmente expressa, de que , não por acaso, será a Fonte das Letras " a livraria do país que mais livros de Tonino Guerra vendeu".
Eu tinha lido nessa manhã, aqui na rádio, um poema dele, tirado do livro "Mel", o livro de um regresso a casa. Andava atordoado desde que lera a notícia na edição electrónica do ABC. Perdi-me na rede, como se me perdesse no campo, guiado por um texto dele, aquele em que vira costas a Roma: "Eu abandono Roma. Os camponeses abandonam a terra. As andorinhas abandonam a minha aldeia. Os fiéis abandonam as igrejas. Os montanheses abandonam os montes. Os moleiros abandonam os moinhos. A graça abandona os homens. Alguém abandona tudo". Como se, tendo-me perdido, fosse com a música de Amarcord bailando nos meus pensamentos, bater à porta da Fonte das Letras por um livro dele, eu que tantas vezes ofereci o Livro das Igrejas Abandonadas.
Mas já encontro a passagem de uma entrevista que ele dera, há tempos, a uma revista electrónica de poesia, "La Dama Duende". Nessa entrevista ele admite que com a passagem do tempo crescera nele o medo da morte. Percebendo que surpreendera o entrevistado, disse-lhe: "Vou contar-te um segredo. Encontrei a fórmula para não morrer".
E Tonino Guerra revela-lhe a fórmula: "A única maneira de vencer a morte é permanecer, durante muito tempo, na memória dos outros. Tudo o que escrevi e fiz não tinha outro objectivo".
Diz isto com a mesma serenidade desconcertante que o levou a morrer no dia mundial da poesia. Ou que o levou a fazer à Dama Duende esta outra revelação sábia: "Criar um relógio de sol, salvar uma casa da ruína, plantar uma figueira, são poemas em pé".
Fernando Alves escreve no português anterior ao acordo ortográfico.
Criou jardins de fantasia na casa de Pennabili onde há uma rua de relógios de sol. Foi professor, começou a escrever no campo de concentração para onde o enviaram, escreveu alguns dos mais belos filmes do cinema europeu, Amarcord ou La Nave Va, de Fellini, Blow Up, de Antonioni, Nostalgia, de Tarkowsky. Nunca perdeu de vista o povoado onde nasceu, em Santarcángelo, e onde lhe tinham feito há dias, no largo de cheio de crianças cantando para ele, a festa dos 92 anos. Ontem, os responsáveis da livraria "Fonte das Letras", de Montemor-o-Novo, que tinham estado no blogue a festejar o dia da poesia, reabriram a janela deixando entrar "o sol de Tonino Guerra para sempre". Invocaram "um amor antigo, um amor solar" que talvez explique a convicção, igualmente expressa, de que , não por acaso, será a Fonte das Letras " a livraria do país que mais livros de Tonino Guerra vendeu".
Eu tinha lido nessa manhã, aqui na rádio, um poema dele, tirado do livro "Mel", o livro de um regresso a casa. Andava atordoado desde que lera a notícia na edição electrónica do ABC. Perdi-me na rede, como se me perdesse no campo, guiado por um texto dele, aquele em que vira costas a Roma: "Eu abandono Roma. Os camponeses abandonam a terra. As andorinhas abandonam a minha aldeia. Os fiéis abandonam as igrejas. Os montanheses abandonam os montes. Os moleiros abandonam os moinhos. A graça abandona os homens. Alguém abandona tudo". Como se, tendo-me perdido, fosse com a música de Amarcord bailando nos meus pensamentos, bater à porta da Fonte das Letras por um livro dele, eu que tantas vezes ofereci o Livro das Igrejas Abandonadas.
Mas já encontro a passagem de uma entrevista que ele dera, há tempos, a uma revista electrónica de poesia, "La Dama Duende". Nessa entrevista ele admite que com a passagem do tempo crescera nele o medo da morte. Percebendo que surpreendera o entrevistado, disse-lhe: "Vou contar-te um segredo. Encontrei a fórmula para não morrer".
E Tonino Guerra revela-lhe a fórmula: "A única maneira de vencer a morte é permanecer, durante muito tempo, na memória dos outros. Tudo o que escrevi e fiz não tinha outro objectivo".
Diz isto com a mesma serenidade desconcertante que o levou a morrer no dia mundial da poesia. Ou que o levou a fazer à Dama Duende esta outra revelação sábia: "Criar um relógio de sol, salvar uma casa da ruína, plantar uma figueira, são poemas em pé".
Fernando Alves escreve no português anterior ao acordo ortográfico.
quarta-feira, 21 de março de 2012
O sol de Tonino Guerra para sempre.
Mal saímos do blog tivémos que voltar, tinha chegado a notícia triste de que Tonino Guerra tinha partido. E não é por acaso que a Fonte de Letras será concerteza a livraria do país que mais livros de Tonino vendeu. É um amor antigo, um amor solar. O livro das igrejas abandonadas, Histórias para uma noite de calmaria, O mel, editora Assírio & Alvim.
As suas histórias deliciam e tê-lo ouvido há uns anos no cinema King, em Lisboa, a propósito de uma exibição de Amarcord de Felinni (com quem colaborou no guião - deste, e de outros cineastas, como Antonioni, Tarkovsky, entre outros) foi o toque.
E procurando na memória, talvez esta paixão tenha começado ao ouvir o realizador de filmes de animação, José Miguel Ribeiro, há muitos anos atrás, aqui na Fonte de Letras à mesa de um chá nocturno, contar como tinha conhecido Tonino Guerra numa viagem de barco, algures em Itália, numa ocasião de trabalho e de como as histórias que ele contou e a sua maneira de falar o encantaram e a todos os presentes.
Hoje é dia de levar Histórias para uma noite de calmaria para ler à noite em casa. Não há melhor profissão do que a de livreiro.
No Dia Mundial da Poesia.
Uma das melhores coisas de ser livreiro é estar a meio do trabalho de marca-preço-arruma-livro e não resistir a abrir um livro e aí ficar perdido. Assim aconteceu no outro dia com o poeta e excelentíssimo homem da cultura, Alberto Lacerda, pessoa fascinante que nasceu na Ilha de Moçambique (1928) e viveu entre Boston e Londres (onde morreu em 2007).
Hoje é dia Mundial da Poesia e o livro que se colou às mãos foi "Morte de uma estação", Antonia Pozzi (1914-1938), da editora Averno. No prefácio, a curta mas intensíssima biografia leva-nos a ler o pequeno livro todo de seguida e a querer ter conhecido a madura rapariga, que começou a escrever poesia aos 14 anos, e o seu círculo de professores e amigos, num meio italiano intelectualíssimo e vibrante.
Hoje é também o segundo dia de uma nova estação do ano, por isso fica Morte de uma estação, de Antonia Pozzi:
Choveu toda a noite
sobre as memórias do verão.
Ao anoitecer saímos
no meio de um ribombar lúgubre de pedras,
imóveis na margem segurando lanternas
para explorar o perigo das pontes.
Ao amanhecer vimos as pálidas andorinhas
ensopadas e pousadas sobre os fios
espreitando os sinais misteriosos da partida -
e reflectiam-nas na terra
as fontes de rosto desfeito.
Morte de uma estação, Antonia Pozzi, selecção e tradução de Inês Dias, ed. Averno, 17€
quarta-feira, 14 de março de 2012
Saudades de ver o Vasco Gato por aqui.
A revista de poesia Golpe d'asa, nº1, é mesmo muito bonita, com um excelente grafismo, recensões e muita poesia, para além de um destacável dedicado a Luiz Pacheco.
Mas a melhor surpresa é o Caderno Central dedicado a Vasco Gato, o poeta e tradutor que há alguns anos veio por acaso morar em Montemor por algum tempo e aqui ficou amigo.
Com uma poesia dura e que é preciso ler várias vezes para lá entrar, chegou no ano 2000 como um dos novos nomes à poesia portuguesa (Um mover de mão, Assírio & Alvim).
À última pergunta da entrevista sobre o que faria se tivesse mesmo sete vidas, o Vasco responde: "Sete vidas, consecutivamente, não sei se me interessariam. Sete vidas em simultâneo, sim, isso teria o proveito de multiplicar os espelhos. Mas não será um pouco isso que fazemos já? A nossa identidade é tantas vezes uma farsa".
Revista Golpe d'asa, nº1, edição CLEPUL, 10€
terça-feira, 13 de março de 2012
A festa do Alface.
Dia 24 de Março vamos fazer a Festa do Alface. É a festa da literatura, a festa das palavras, a festa dos carapauzinhos fritos e das perninhas de rã, a festa dos mergulhos que antigamente se davam no rio Almansor, a festa das fofocas da terra, a grande festa dos amigos do Alface. Dia 24 de Março era o dia do aniversário do escritor Alface, que nasceu em Montemor e aqui tinha o seu coração (que precocemente lhe falhou enquanto falava sobre literatura com Maria João Seixas na Culturgeste em 02.03.07) - vivendo em Lisboa, para cá fugia sempre que podia, para escrever e para dormir a sesta nos calores do Verão. Ao final da tarde aparecia para uma cerveja e dois dedos de fofoca da terra e histórias de livros. Também trocávamos receitas, quase sempre com coentros.
Vai ser uma festa em grande e temos pena que não possa estar quem mais gostariamos que estivesse, o Alface, claro.
Às 11h na Biblioteca Municipal Almeida Faria
Às 15h30 na Fonte de Letras
Organização Escola Secundária de Montemor-o-Novo e livraria Fonte de Letras com o apoio da Câmara Municipal de Montemor, Oficinas do Convento e Theatron.
Vai ser uma festa em grande e temos pena que não possa estar quem mais gostariamos que estivesse, o Alface, claro.
Às 11h na Biblioteca Municipal Almeida Faria
Às 15h30 na Fonte de Letras
Organização Escola Secundária de Montemor-o-Novo e livraria Fonte de Letras com o apoio da Câmara Municipal de Montemor, Oficinas do Convento e Theatron.
sábado, 10 de março de 2012
Apresentação do livro "Éden - o filme desta terra" na Fonte de Letras.
A Fonte de Letras convida para a apresentação do livro
Éden (o filme desta terra),
de André Maranha e Tomás Maia, editora Documenta / Assírio & Alvim,
no dia 17 de Março, às 17h30, com a presença dos autores.
de André Maranha e Tomás Maia, editora Documenta / Assírio & Alvim,
no dia 17 de Março, às 17h30, com a presença dos autores.
No mesmo dia às 16h e às 21h30 será projectado o filme com o mesmo título
no Convento de São Francisco, Oficinas do Convento, em Montemor-o-Novo.
"... Não tivemos tempo para dizer adeus. Não tivemos tempo para uma promessa. Ela tinha desaparecido do filme desta terra", diz Michaux, no livro "Nós dois ainda"
quarta-feira, 7 de março de 2012
Dia 8 de Março, feriado municipal em Montemor, há passeio por prados e montados.
Amanhã será a edição inaugural do programa de animação “experience.NATURE” no Sul do país, que terá lugar a partir das 10.00h da manhã, com início da Torre da Gadanha.
A partir de Abril, uma nova edição e tema sempre ao primeiro sábado de cada mês.
Conjugando o lazer, a interpretação e a alimentação e as sua relações com a conservação da natureza e da biodiversidade, este é um programa de animação singular, não só pelos seus conteúdos mas também pelo facto de ser o único que, nas suas edições mensais, promove a inclusão de públicos com mobilidade reduzida, tornando o ecoturismo acessível a todos.
Amanhã, com uma edição em que a comemoração do dia da mulher e do feriado municipal também não serão esquecidos…
Caso pretendam participar nesta edição, cujo programa completo anexamos, agradecemos contacto até ao final do dia, no sentido de podermos assegurar a logística associada.
Com os melhores cumprimentos,
Luis Jordão
Tel 939 200 733
Experience Nature
experiências únicas…
ao primeiro e terceiro sábado do mês, agora também para públicos com mobilidade reduzida!
Blogue http://experiencenatureddl.blogspot.com/
A partir de Abril, uma nova edição e tema sempre ao primeiro sábado de cada mês.
Conjugando o lazer, a interpretação e a alimentação e as sua relações com a conservação da natureza e da biodiversidade, este é um programa de animação singular, não só pelos seus conteúdos mas também pelo facto de ser o único que, nas suas edições mensais, promove a inclusão de públicos com mobilidade reduzida, tornando o ecoturismo acessível a todos.
Amanhã, com uma edição em que a comemoração do dia da mulher e do feriado municipal também não serão esquecidos…
Caso pretendam participar nesta edição, cujo programa completo anexamos, agradecemos contacto até ao final do dia, no sentido de podermos assegurar a logística associada.
Com os melhores cumprimentos,
Luis Jordão
Tel 939 200 733
Experience Nature
experiências únicas…
ao primeiro e terceiro sábado do mês, agora também para públicos com mobilidade reduzida!
Blogue http://experiencenatureddl.blogspot.com/
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